quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A morada digital

Que necessidade que as pessoas têm de se mostrarem presentes em todas as redes sociais. Cada vez mais novos recursos tecnológicos colaboram (ou não) com a ênfase de impor suas presenças, justamente para não passarem despercebidos, para não perderem seus status de online, de vivos, de seres pensantes e felizes. Por que esse ímpeto descontrolado atinge boa parte dos usuários das redes sociais? Sentem-se quase que obrigados a dizerem onde estão, inclusive fornecem o endereço e até o mapa para provar ainda mais sua verdade. Espantoso. Pessoas se sentem freqüentemente em falta consigo mesmas e necessitam existir, mostrar-se, curtir, rir, chorar, se emocionar, nem que seja no universo digital, uma vez que não se sentem vivos quando desligam o computador.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Em vão.

Olhava-os

Todos me irritavam de tal forma

Como se tivessem,

De maneira perversa, outrora,

Me atravessado

E destruído

Algo bom que um dia pudera ter tido.


Notava-os de longe,

Passiva,

Sozinha,

Irrigada do meu próprio vazio.


Odiava-os

Pelo simples fato de serem tão adaptados e,

Conseqüentemente (assim me soavam)

Como possíveis inimigos e traidores,

Uma vez que compactuavam

Com leis e normas

Criadas por aqueles

Que querem nos controlar.


Achava-os estúpidos

Ao ponto de acreditarem no que lhes diziam

E fazer de tais fábulas verdades incontestáveis,

E pior, suas.


Sentia-os sádicos.

Tornei-me um deles.

Tornava-me sádica.

Passei a compactuar com idéias não minhas,

Sorrisos não meus,

E o pior,

E mais dissimulado que pude me encontrar,

Risadas não minhas.


Passei a ser um deles.

Passei a me odiar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Aos trancos e barrancos...

Aos trancos e barrancos seguimos cegos na ilusão de sobriedade, sob a condição de gratidão e reconhecimento.

Pelos chistes cozinhados em “banho Maria”, reconhecemos nossa fé.

Sob o apelo de prazer, renunciamos os nossos prazeres.

Por baixo dos panos quentes da covardia nos auto-enganamos protegendo-nos assim do pecado.

Entre o eu e você, prefiro a vaidade.

Através do desconhecido, projetamos nossas perversões mascaradas em fantasias.

Sob tais discursos nos damos como satisfeitos e seguimos com medo da culpa, com medo do novo, com medo de nós mesmos, com medo de viver...

Ou melhor, estagnamos.

Antes fosse aos "trancos e barrancos".

Tais modos se tornaram dessa vez;

Inabaláveis.

E assim, acreditamos (dissimulamos)...

Que seguimos pra algum lugar...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nuvens de quimera

Chegam as horas, pra nos mostrar que já passou, e aquela infantil onipotência de que somos livres se desmorona, embora não assumimos. Chegam as repressões disfarçadas de boas moças, prontas pra nos moralizar e nós nos adequamos com a maior tranqüilidade do mundo. Mundo esse que é nosso, embora não seja. Chega a contradição tão presente em nosso discurso que no ato falho do ódio resolve emanar e na inveja se multiplica. Tudo bem, temos nossos momentos de paz garantido quando podemos pagar. Chega a inclusão social dos excluídos para nos mostrar que não somos irmãos. Chega a ociosidade pra mostrar que estamos errados. Chegam os bônus pra nos mostrar a gratificação por não sermos ociosos. Chega então, a virtude daqueles que souberam se adequar. Chega o castelo impermeável a tudo que possa romper com a ideia narcísica de que, sim, somos autênticos. Chegam as instituições para nos governar, politicar, policiar, polemizar, mas principalmente, claro, cuidar. Sim, os deuses do muro que cuidam de nós, pois os outros, há, os outros estão nas nuvens...

domingo, 16 de agosto de 2009

Pathos...

...Tinha lhe devorado, porém não se recorda de nem um espasmo de vomição, a não ser a volição de lhe possuir para seu bel-prazer, é sincera ao menos para assumir que lhe tem de forma inata essa condição comodista, embora acredite que isso seja inerente a todos seres-talvez-humanos que assim insistem à insistir. Ès uma peça completamente frágil repleta de perversão e altruísmo, uma viva contradição de uma mente pueril com uma alma senil. Não sei quem és, mas observas como jamais alguém ousara contemplar, como consegue ser tão sádico e atraente, és ambivalente a tudo que lhe fora apresentado. Quer partir mas sem desgrudar, como se fosse possível não fazer escolhas, sua vivacidade e desatines faz de si um ser totalmente invejável por àqueles que se julgam sensatos e metódicos, consegue fazer-se apaixonável, mesmo com tantas peculiares e desconexas características...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Utopia hoje!

Chega de melancólicas tentativas de poema, pelo menos por um tempo rs, embora eu ache a tristeza e o sombrio muito válidos para manifestar o resquício de “arte” na alma humana (por mais difícil que isso seja nessa sociedade que despreza brutalmente qualquer forma de conhecimento verdadeiro), acho digno nem que seja por um dia, por uma semana que seja, estar imerso em uma utopia, hoje sorrirei à toa sem precisar de prozac ( não que eu precise, rs) ou ingerir qualquer pílula que me prometa felicidade. Bom por alguns segundos é necessário nos anestesiar da realidade sádica que nos cerca, não faço apologia á alienação tão presente em nossa sociedade, porém o conhecimento legível (se é que existe) torna-se muitas vezes hostil e vingativo, uma vez que poucos irão acreditar em você. Portanto sorria sempre e seja feliz, Assista Sônia Abrão, pois ela te deixa à vontade e ainda lhe ensina o que é bonito fazer e o que não deve fazer, pois irão lhe julgar “imoral”,preste atenção hein...ahhh....beba cerveja com os amigos mas NÃO dirija e tenha uma conta bem gorda no banco de preferência incluso em todos os programas que o mesmo lhe oferece, pra você se sentir bem completo e pagar algumas taxinhas (não faz mal pra ninguém).Afinal, o que querem te passar nas propagandas de banco e de cerveja?(entre muitas outras). Ueh...que você seja feliz!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Velha luz que me cinge
Ou seria a escuridão?
Pela pele não mais minha
Sova de tanto agastamento
Não sou eu, quem mais procuro
Muito menos tua clemência

Quem te dera más noticias
De mim há de não ser
Apático é teu mundo
Que vive no concreto desse desprazer

No marasmo de meus devaneios
Vou de encontro a um abrigo
Gélido, porém afável
Paradoxalmente assim vivo

Velha luz que me cinge
Ou seria a escuridão?
Perdoa-me por tanta calunia;

Inerte tornou-se meu mundo...
Ao render-se a solidão.

(Mariana Abdel)


[ Sem a mínima ideia de título rs]